O mundo tem dentes e pode te morder sempre que quiser....
Seja bem vindo

sábado, 4 de julho de 2009

Capítulo V - A menina do banheiro



Eu quase perdi a cabeça. De tanto pensar, pensar!!!! Pensar em não transformar isso num drama. É terrível se considerar no fundo do poço. Rídiculo mesmo ter pena si. Olhar o seu próprio rosto em comoção, ver seus olhos rasos e perceber que eles se enchem de água. Ainda mais quando você sabe que alguém mal intencionado pode estar te olhando. Me olhando.
Eu acordei na manhã seguinte, e vaguei pela casa. O dia estava nublado, talvez chovesse mais a tarde. Minha avó parecia melhor, mais viva, andava como se soubesse para onde ia. E mesmo que ela não me confessasse muitos dos seus segredos, eu os sentia bem próximos de mim. Adorava vê-la dentro de seu próprio corpo.
Lúcida.
Ela preparava o almoço. A mesma coisa de sempre.
Eu assistia tevê enquanto comia no sofá da sala, me perguntava o que eu faria no minuto seguinte. Se pudesse adiantar as horas, talvez eu me projetasse para a segunda feira. Eu vestiria o uniforme e iria à escola, lá, ao menos haviam pessoas reais, que falavam, que escutavam! Pessoas normais, com pecados normais.
Droga, Christine poderia estar aqui...
A minha irmã mais nova.
Ou a minha mãe.
Oh meu Deus, eu adoraria tê-las naquele momento.
E agora também.
Suspirava. Há tempos, meu ar era uma continência abafada de sopro. Uma brisa fúnebre. Às vezes era díficil manter o equilíbrio.
Logo algo ruim aconteceria... E eu não saberia como me proteger.
Nem teria como me comunicar.
O que eu faria sem computador?
Como eu me aliviaria sem ele?
A adrenalina agora vive pulsando nas minhas veias. Até mesmo agora, quando eu me tranco no quarto e começo a digitar essas coisas. As minhas coisas. De alguma forma, eles vêem tudo... Sinto seus cheiros bolorentos e seus suspiros furiosos por cima do meu ombro... Não sei ao certo quantos eles são.
Os espíritos que eu evoquei.
............................
Bem, eu continuaria muito pra baixo se não fosse acometida por uma sensação triunfante e patética de coragem.
Sabe quando seu coração dispara e você percebe que a coisa mais fácil do mundo, é fazer algo por si mesmo? Foi assim que eu pensei. Pareceu tão lógico e certo!!!!
Foi uma coisa parecida com isso:
Meu pai não estava completamente fora de si. Algo nele estava errado, mas havia ainda, um pouco de noção.
Morávamos afastados do resto do bairro, bem no fundo de um bosque esquecido.
O que ele faria com um monitor?
1ª hipótese: Ele poderia ter jogado no lixo.
2ª hipótese: Poderia ter doado a alguma entidade (sei lá, ou algo parecido)
3ª hipótese: Havia escondido em algum lugar da casa.
Pulei do sofá.
Ainda vi minha avó paralisada em frente a janela, olhava para o mesmo lugar de sempre: os fundos do nosso quintal, talvez praquele puteal que eu falei num dos capítulo anteriores. Ou então ela pensava...
Não imagino em quê.
Corri para o andar de cima.
Sozinha, odiava ficar sozinha naquele corredor.
Respitei fundo.
Comecei pelo escritório do papai. Saí vasculhando todos os armários, bisbilhotei até os papéis dele! Arrumei tudo, depois que dei com os burros n'água. Não estava lá.
Logo em seguida, foi a vez do quarto de despejo. Quase morri intoxicada com a poeira, os lençóis brancos também me deixaram alerta: Nunca entraria ali durante a noite, ou quando algo parecesse estranho. Nunca.
Meu quarto estava fora de cogitação. Papai estava estranho, e não burro.
Faltava apenas o quarto da vovó (Seria difícil entrar lá...), a garagem e o quarto dele.
Como eu estava em cima, fui para o quarto dele. Se não achasse, desceria e vasculharia o andar de baixo.
Porém, quando já caminhava para la, acabei lembrando da noite anterior... A luz que se acendera sozinha.
Mas que mer....
Estremeci.
Agora eu estava morrendo de medo.
Passei a mão no rosto, continuei andando.
Meu ouvido zumbia.
..........................
Abri a porta, ela rangeu.
Entrei e fiquei no vão da porta por um longo tempo... Olhei sua cama bem feita, os quadros em cima do criado mudo, a roupa pendurada num cabide. Ele era tão organizado... Tive vontade de abraçá-lo. Meu pai...
Bom, mas estava ali dentro apenas para uma coisa.
Entrei de supetão e deixei a porta aberta.
Corri para olhar debaixo da cama.
Seria mais fácil conter o meu medo e o meu susto se a droga da porta não tivesse se fechado bruscamente, e ainda por cima sem ninguém visível tê-la tocado.
Gelei, mas não me detive.
..............
Não havia nada mais que poeira debaixo da cama dele.
Girei meu corpo com pressa, Meu Deus, eu adoraria ir embora dali!!! Até avistar a porta do closet.
- Só pode estar aí dentro!
Corri para ele, o abri com rapidez e saí enfiando a mão no meio das roupas. Depois me agachei e apalpei as caixas de sapato na parte de baixo. Já ia desistir quando minhas mãos tocaram algo parecido com saco plástico. Toquei melhor e reconheci... Era o meu monitor.
Saí arrastando ele para fora do clost eufórica e arfante. Abri a porta com dificuldade e corri pro meu quarto.
Joguei ele em cima da cama e corri para a porta, ia trancá-la, mas percebi que eu era a pior ladra do mundo.
Havia deixados todas a provas do roubo à mostra.
Depois meu pai descobriria sem dificuldades o meu "furto" e aí sim, faria algo pior comigo.
Pensei melhor....
................................
ahhh
.......................
Tirei o monitor do saco plástico preto e catei algo grande e quadrado pelo quarto. Colocaria dentro do saco e devolveria ao quarto dele. Foi super complicado isso, não tinha nada que pudesse me ajudar, o jeito então foi enfiar uma caixas de sapatos velhas dentro do saco. Amarrei tudo, rezando pra que aquele plano idiota funcionasse.
Saí do quarto e entrei no dele, outra vez. Deixei a porta do mesmo jeito, se ela batesse, eu fingiria não ter me assustado.
Abri a porta do closet e enfiei o saco com as caixas no mesmo lugar.
Parei para observar meu feito.... Ah, não havia ficado tão ruim :)
.......................
Foi quando a voz começou.
- Ammy.... Ammy....
Me arrepiei.
A voz vinha de dentro do banheiro do papai. Uma voz de menina, quase doce. Muito apavorante.
Fiquei sem reação, paralisei em frente à porta branca do banheiro, enquanto a voz continuava.
- Ammy....
Depois veio a batida violenta na porta, e o girar de maçaneta.
Ia gritar, mas não tive tempo.
Só pensei em pegar a cópia da chave do meu quarto que estava em cima da mesinha de cabeceira dele. Ergui a mão e a puxei para mim, antes que a menina pudesse sair do banheiro, eu já estava me trancando no quarto. Pálida de medo, com o coração engasgado na garganta.
...............................
Depois que eu parei de tremer, tentei me lembrar se eu havia fechado a porta do closet.
........................................
Graças a Deus, eu havia fechado.
................................................

Um comentário:

Hugo Castro disse...

Fikou legal ^^
+ ainda estou curioso sobre o q aconteceu na sua festa;
Vc sabe prender a ateção do público ;D