O mundo tem dentes e pode te morder sempre que quiser....
Seja bem vindo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Real Imaginário

Quando me recordo do que houve, a primeira coisa que me vem à memória é isto.
O primeiro indício de tudo é esse começo. Este incoerente e confuso começo.
...
O quarto estava completamente empestado de moscas. Eu abanava minhas mãos contra o alto, depois de sentir algumas pousarem em minhas pálpebras. Irritei-me com o zumbido alto e contínuo que elas faziam, enquanto aquelas minúsculas criaturas barulhentas roubavam meu sono.
Ergui-me da cama, olhando a estante e a porta que levava até o corredor. As cortinas balançavam com o ritmo calmo do vento da madrugada, enquanto o clarão da lua penetrava o tecido e me deixava na penumbra.
As moscas continuaram a me rondar, agora muito mais pentelhas do que antes. Tentei espalmar alguma, as mais próximas de mim, porém, aquilo era tão complicado! O zumbido delas ferrava dentro da minha cabeça...
Suspirei, e enfim tentei ver se minha prima Beth estava acordada. Talvez, com mais alguém desperto, eu poderia confessar toda a minha exasperação e pegar no sono novamente. Beth morava naquele fim de mundo há tanto tempo, quem sabe até me daria dicas de como manter as malditas moscas afastadas, bem longe de mim, uma garota da cidade grande.
Olhei para sua cama no canto do quarto, bem onde o clarão da lua era mais forte e então percebi que ela não estava lá. A principio, até esqueci o zumbido das moscas, pensando no motivo de não encontrá-la onde ela deveria estar. Se estivesse no banheiro, a luz fugiria por baixo da porta e o quarto realmente ficaria muito iluminado. Não precisava descer para tomar água, pois eu mesma havia deixado uma jarra e um copo em cima do criado mudo, já que era assustador andar naquela casa a noite.
Então... Onde Beth poderia estar?
...
Estava com aquela sensação estranha a me afligir. Não era dor, não cansaço, não era nada parecido com alguma coisa eu já havia sentido. Era como uma sensação de descontrole, como se eu estivesse prestes a perder a mim mesma. Não entendia, não compreendia o motivo de aquilo me deixar quase em pânico.
As moscas sumiram por alguns segundos. Sentei na beira da cama e finquei meus olhos na porta. À espera de algo... À espera de oxigênio. Passei a mão no rosto... Como estava ficando quente ali! Não! Como era quente ali! Eu não havia me dado conta. Pensei que poderia estar em meu quarto refrigerado, curtindo uma noite sem moscas, bem alto, no vigésimo andar de um prédio.
Mas eu estava ali. Numa cidade que nem ao menos existia no mapa. No lugar onde Judas perdera não somente as botas, mas as calças, as meias, a sua própria identidade. Aquele lugar era uma grande vergonha para a raça humana. E eu o detestei muito naquele momento. Sim. O detestei por que eu tinha medo. Eu morria de medo dele.
Esperei.
Ao menos pensei ter esperado por no máximo alguns segundos. Era ridículo, mas havia percebido que aquela aflição toda sempre me pegava durante à noite. Acreditava ser a péssima condição em que me encontrava, depois de todo o estresse por que passara antes de minhas “adoradas” férias no interior. Eu me sentia mal, tanto física, quanto mentalmente. Sentia meu peito esmorecer apertado. Sabia, mais uma péssima idéia que me ocorrera inconsequentemente.
...
Dakota começou a choramingar.
Ela era uma cadela, filhote de Border Collie, que dormia embaixo do assoalho da casa. Sempre dócil e esperançosa por atenção, podia ouvi-la uivar. Não me veio na cabeça o motivo, afinal, havíamos alimentado-a e brincamos com ela durante toda a tarde.
Estaria acontecendo alguma coisa do lado de fora?
...
Beth não aparecia. Olhei novamente os lençóis bagunçados de sua cama e respirei fundo. A Dakota continuou a chorar; porém, antes que eu tentasse voltar ao meu sono e esquecer o início da sensação de medo, ouvi o que parecia ser um assobio. Um longo e alto assobio que vinha do lado de fora da casa.
Levantei-me, enquanto pensava se era mesmo uma boa idéia espiar o que estava acontecendo. O vento aumentou, fazendo as cortinas dançarem muito próximas de mim, quase a ponto de tapar minha visão. Eu então caminhei com sutileza e encostei meu rosto na lateral da janela, onde eu não pudesse ser vista.
Apesar de estar no segundo andar da casa, pude ver Dakota encolhida, um pouco abaixo da minha janela. Estava voltada para os arbustos extensos, que levavam até a floresta. Não havia mais assobio, ao invés disso, enquanto o vento chacoalhava a copa das arvores e sacudia todos os galhos dos arbustos, numa proeminência de chuva, pude ver o que pareceu ser uma pessoa.
Estava escuro, mas eu podia enxergá-la. Entre as folhas e a vegetação, ela estava parada, estática, com uma esvoaçante e longa túnica branca, a olhar para minha janela. A olhar para mim. Não sei dizer se era uma moça, ou uma velha senhora... mas ela estava lá. As moscas voltaram a me atormentar, agora o zumbido era alto, contínuo, parecido com o guinchar de milhares de ratos. Sua petulância também mudara, e era como se ao invés de asinhas pequenas, elas passassem a ter mãos quentes e teimosas. Mãos que estranhamente pegavam em meus braços.
Eu olhava para a penumbra, olhava ao redor, mas não via nada, não poderia ter nada ali. As moscas então se multiplicaram, enquanto eu me sentia desaparecer, cair, despencar de algum lugar alto. Sem um pingo de oxigênio, em pânico.
...
- Amanda...? O quê, você tomou sonífero de novo, foi? Vamos, se levante dessa cama...
Depois de um flash incrivelmente rápido de luz e adrenalina, pude ver Beth debruçada sobre a minha cama, com seu rosto sorridente, me puxando pelos braços. Havia um sol lindo que burlava a janela e os pássaros cantavam alegres uma manhã morna.
- O quê, já amanheceu? – eu me sentei.
- Há horas... – Beth estalou os dedos. – minha mãe disse que era pra deixar você dormir, mas eu já estava cansada de te ver babar – ela riu.
Passei a mão no rosto. Então era isso, eu estava sonhando. Sim... Um daqueles sonhos que pareciam reais...
Mas...
- Beth... – hesitei.
Ela parou para me ouvir.
- Você saiu do quarto esta madrugada?
Ela riu.
- Claro que não. Por que tá perguntando isso?
Abanei a cabeça.
- Nada... – tentei sorrir. – não é nada...
...
...
Você provavelmente não sabe quem sou eu e o que estou fazendo aqui. Podemos dizer que eu gostaria de compartilhar o que aconteceu comigo durante minhas últimas férias. Pretendo ocupar algumas páginas deste diário (que me foi emprestado, aliás) e tentar transpassar a quem estiver lendo, tudo o que aconteceu.
A princípio, naquela noite estranha em que eu vagava desnorteada rente a uma estrada semi-habitada, me perguntava se eu tinha ou não culpa em tudo aquilo. Eu estava quase nua, coberta por aquela túnica suja e empoeirada que conseguira roubar. Apesar de eu saber que ainda poderia estar em perigo, tinha os passos tão exaustos... O cheiro de alguma coisa entorpecente vagava dentro do meu cérebro. O cheiro do éter no algodão.
Percebia que havia um mundo vivo ao meu redor, mas os restos daquele assustador universo que suspirava dentro de mim havia usurpado os meus primordiais sentidos. Eu mal conseguia erguer o meu corpo.
Quando a luz dos faróis acertaram meus olhos e o pajero desacelerou, tentei me proteger do medo com um brusco e trêmulo levantar de mãos. Só queria encobrir meus olhos e não ser devorada pelo brilho ofuscante do meu torpor. Queria pedir que não, que tivessem um pouco de compaixão da minha vida, mas não podia... Havia esquecido como falar.
O carro parou e uma garota de olhar assustado me fitou. Ela era branca e tinha os lábios avermelhados, como se sentisse frio. Consegui prestar atenção nela, por que era como se ela soubesse exatamente do quê e por quê eu estava fugindo. Ao volante, havia também um rapaz, de aparência um pouco mais velha que a garota, que me olhava inexpressivo com um olhar azulado e interrogativo.
A garota abriu a porta do carro com rapidez.
Tentei apressar meus passos, mas eu não tinha muito controle sobre eles, então caí. Agarrei a túnica ao meu corpo para que não sentisse ainda mais vergonha e percebi que eu nada poderia fazer por mim. Ela então se abaixou e fez um esforço enorme para me levantar. Suas mãos eram geladas e ela tinha cheiro de morango.
- Amanda... você se chama Amanda?
Foi quando eu conheci a Amy.
...
Ela me disse algo sobre um grande perigo. Me abraçou pelos ombros e me convenceu – sem muito esforço – a entrar no carro. O rapaz nada falou, mas percebi que olhava cada movimento que fazíamos. Analisava tudo e formulava alguma idéia que eu não imaginava como poderia ser.
Deitei na parte de trás e tentei manter os olhos fixos no teto. Hora e outra via a garota de aspecto assustado olhar para mim com uma curiosa e preocupada fala em seus olhos.
As imagens da fogueira ardiam em minhas pálpebras. Depois senti a sensação de medo, que eu sabia ser um grande e pavoroso medo a me cercar. Rondar-me a dançar... Quando meu coração palpitou com força, percebi que podia respirar sem amarras. Percebi que talvez eu pudesse ter alguma outra chance. Estava dentro do carro de pessoas que logo estenderiam a mão para mim.
E como...? Por que? De que maneira?
Eu descobriria.
...
Respostas para uma segunda página... Não acham?
...
...
  

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Entrevista no Espaço Hugo =D



Oii povo!! Eu tenho andando meio down esses dias (ruim mesmo, pode crer) e o andamento da minha minha história foi afetado -.-' Eu sei que é phoda, mas já já eu conserto essa situação toda. Eu sempre dou um jeito =D
Na verdade, eu não vim aqui pra ficar falando do meu estado de saúde - que afinal não é tao interessante e nem tão alarmante - Queria mesmo falar sobre a entrevista que o Hugo de castro fez comigo.
Primeiro eu quero dizer que foi demais. Sério, eu me senti a própria escritora com as perguntas e tudo mais. O Hugo também se deu bem como entrevistador e acho que e o resultado ficou interessante.
Como todo mundo já deve ter percebido, O Espaço Hugo é parceiro aqui do Secret e tem e contribuido em muitas das minhas empreitadas.
Espero que curtam, de vero.
Daqui apouco eu volto pra te assustar
....
E dessa vez eu vou pegar pesado.... Eu acho...
...
...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Vou assustar vcs de novo... Posso...?? XD


Ano novo, tudo novo!! - Mentira, só o ano é novo, quase tudo continua velho do mesmo jeito. Rsrsrs!! Tá bom, não vou comer muito o tempo de quem estiver lendo, tô passando só pra avisar que apesar de tudo continuar velho, o diário vai mudar!!
AEEEEE!!
A Amy me fez ter um trabalho adorável, amei escrever a história dela e tudo mais - talvez eu dê continuação futuramente - Mas achei que seria muito interessante enganjar um novo projeto. Andei tendo uns sonhos estranhos, ouvindo "causos" sem explicação e por sorte, as idéias parecem simpatizar comigo =D.
Pensei em colocar tudo separadamente, sem construir enredo nem nada, falar das minhas experiências (pq na verdade eu tenho muitas) e depois retomar a Amy e seus dramas, mas parei pra pensar.........
Eu prefiro ter mais trabalho :)
...
Posso adiantar muitos sustos, um delicioso suspense e terríveis calafrios!
...
Então é isso, daqui há alguns dias eu posto o primeiro capítulo da minha nova história.... Depende muito do nível de tormento que me vier à inspiração.......
Enquanto isso...
...
Tenham ótimos sonhos.


......