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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

*Posfácio*


Primeiro, antes de mais nada, eu queria agradecer a todo mundo que visitou meu blog, ao povo que comentou e que teve a paciência de chegar até o final. O Hugo de Castro, com o Espaço Hugo, meu parceirão nessa doideira, e que foi o responsável por eu não ter excluído tudo. ¬¬ >>> Ah, e ao João Bosco também, nino que aturou comigo o segundo ano no Adelaide Tavares (lá é tipo um hospício) e que me deu dicas sinceras e práticas pro blog.
Devo muito a vocês, meus caros =D
Valeu mesmo.
... 
Bom, esse deveria ser o capítulo XXI, mas eu não queria que o diário tivesse vinte e um capítulos. Sei lá, não queria. E também me sinto meio cansada.  Foi ótimo poder compartilhar as minhas experiências escabrosas com algumas poucas pessoas, me senti bem melhor depois de salgar e queimar os ossos do Ben.
Quando fomos embora, ainda tinha a sensação de medo em meu corpo, mas agora era diferente. Eu me sentia diferente. Ajudei Justin a caminhar, pois ele estava dolorido e havia um corte superficial em sua barriga. Não demoramos a encontrar a trilha que nos levava de volta à minha casa, mas agora nos sentíamos livres de um tipo de peso. Olhei meu pulso e percebi que quase não havia marca. Só uns rabiscos marrons e levemente sombreados.
Chegamos em frente a minha casa, sendo tocados pelos raios do sol. Era um dia quente e ensolarado, como há muito tempo não víamos. Nos olhamos, com um sorriso de vitória nos lábios, esperando encontrar palavras para definir nossa satisfação. Não havia nada. Nada que pudéssemos falar.
Meu pai apareceu na porta, passando a mão na cabeça com uma expressão de dor. Nos olhou meio perdido, mas do jeito que MEU pai, aquele que eu sabia ser bom e inofensivo, olhava. Uniu as sobrancelhas.
- Meu Deus, o que houve com vocês?
Justin sorriu e olhou para mim. Agora eu sabia exatamente o que ele estava pensando.
“Você viu? Nós vencemos...”. Sim, nós vencemos Justin. Ele sabia ler os meus olhos.
...
Olhei minha roupa e percebi que estava completamente imunda. Justin também não estava lá muito apresentável, mas tentava manter um ar de que estava realmente tudo bem. Caminhamos aliviados até meu pai e entramos.
Nenhuma pergunta foi respondida, nenhuma outra foi feita. Por mais silenciosos e satisfeitos que estivéssemos, compartilhávamos todos de uma mesma verdade. Meu pai se manteve quieto em sua poltrona na sala, observando os cacos de vidro no chão, o ponteiro do relógio parado, apontando três horas. Seus olhos estavam molhados, havia culpa neles, enfim, ele me olhou e derramou a primeira lágrima. Ele estava lembrando tudo?
- Tudo bem, pai. – eu sorri.
Sentamos na sala de estar, apreciando a calma de não precisar fugir ou manter cautela.
- Quem aqui está com fome?
...
...
As coisas na minha casa melhoraram. Meu pai voltou a ser MEU pai, a escola é de novo a escola, e Justin... Bom, agora somos amigos. Ele ficou bem machucado naquele dia no bosque, por isso meu pai achou melhor levá-lo até um hospital. A Natasha não acreditou que seu irmão havia se metido numa briga de rua (nem eu acreditaria) por isso disse que se empenharia em descobrir o que havia acontecido de fato. Ela voltou a me encarar com aquela cara pintada e aqueles soberbos olhos azulados, mas até fiquei feliz por ela voltar a ser a chata e implicante Natasha. A linda e mais popular garota da escola, na sua habitual e costumeira versão de sempre, sem possessões!!
O Hugo de Castro me perguntou como é que eu postava se estava sem monitor e aqui vai a resposta: Eu usava o note book do Justin. Depois daquele dia, muita coisa mudou. Não o vejo mais como um idiota metido da escola. Claro que às vezes ele é chato, fica enchendo o saco – brincando – mas descobri que ele também é bem companheiro. Não houve facada nas costas e eu não virei piada na escola... Como ele é da minha turma – e incrivelmente manda super bem em física, matéria que eu sou pior que péssima – a gente se juntou pra fazer trabalhos. Contei sobre o blog e sobre o diário que ainda não tinha terminado, então ele me deu liberdade pra fazer tudo da casa dele.
...
Meu pai mandou comprar vidros novos, e como num pedido de desculpas (bem descabido, aliás) disse que compraria um monitor novo pra mim.
A marca em pulso enfim desapareceu. Mal pude acreditar quando vi meu pulso voltar a cor e a textura de origem! Depois de poder respirar aliviada, parei pra pensar em Daniel e no quanto ele foi importante para a solução de todo aquele enlace. Tive vontade de vê-lo e agradecer, coisa que eu não tinha feito.
Aliás, por falar em nosso pequeno ajudante, Justin e eu descobrimos algo sobre ele.
Daniel Freitas de Almeida.

Nascido em quinze de agosto de mil novecentos e oitenta e oito. Família pobre, filho único, com uma saúde frágil e melindrosa. Natural de Recife, morou lá até seus oito anos, após uma tentativa frustrada de melhoria de vida, conviveu com a pobreza na inóspita cidade de Serra do Campo, indo morar num casebre, no coração de um bosque. Numa noite, dizem que o menino simplesmente sumiu de sua cama. Deram-no como desaparecido, até, depois de alguns poucos dias, acharem seu corpo caído perto de um puteal.
A causa da morte de fato nunca foi descoberta, alguns dizem que congelou até a morte, outros, ao olharem a expressão e os olhos abertos do menino, concluem que morreu mesmo foi de susto.
Após aquele terrível incidente, decidiram encher o bosque de trilhas e placas. Uma criança perdida no bosque poderia mesmo morrer... Descobriram isso tarde demais.
...
Eu sei, isso é horripilante, quase inacreditável, mas é a mais pura verdade. Justin pesquisou nos jornais, na Internet, até achou o casebre onde a família do menino morou, mas este estava abandonado há bastante tempo. Sua morte foi realmente estranha, mas não conseguimos achar um ponto de ligação entre ela e aos espíritos que planejavam a Minha Morte.
Seu corpo morto ao lado do puteal terá sido uma terrível coincidência?
Bom, Daniel nunca mais foi visto, e com sua ausência, a pergunta continuará sem resposta.
...
Mas eu ainda gostaria de agradecê-lo...
...
Justin, a princípio, ficou em choque.
Eu vi esse menino...Mal posso acreditar. – O tempo todo, era ele o quarto espírito.
Sim, era ele.
...
Me perguntaram – e eu não vou dizer quem foi, afinal, é óbvio – Por que salgar e queimar os ossos do Ben consertou toda a minha situação, já que havia mais dois espíritos. Eu agradeço a pergunta, por que eu mesma a fiz pra mim e conseqüentemente para o Justin. A resposta é bem mais simples do que parece:
O centro de tudo era o Ben. Ele não chegou a tocar em mim ou a deixar explicito todo o seu desejo de sangue. Não. Mas foi por culpa dele que a Sofia e a Elisa morreram. Os espíritos delas estavam cheios de ódio e sedentos de vingança por culpa dele (ou da força que roubou o juízo dele). É como um círculo vicioso e sem fim. Alguém as evoca, elas – cegas pela negatividade de suas almas – Enxergam em qualquer um, o rosto de seu próprio assassino.
Salgar e queimar os ossos de Ben, é o mesmo que dar o alívio a corações cansados e pesados de raiva. Foi a chave para destrancar o cadeado das correntes.
É por isso que eu me salvei =D.
...
Agora eu não tenho muito sobre o que me queixar. Nem sobre meu pai ou sobre minha vida social. Encontrei a Lucy na escola, ela acabou puxando o assunto do cemitério e eu disse a ela que eu havia surtado temporariamente, mas que agora já estava melhor.
- Você me assustou com aquela história de “É real...” – ela riu.
Sei que não posso contar a verdade – por que Lucy também não acreditaria em mim – ou sutilmente confessar a ela todo o terror que vivi. Não desejo a ninguém as coisas que passei e prefiro que minha melhor amiga não conheça o que acabei conhecendo...
Eu tento esquecer e sei que um dia consigo.
Justin me chamou para ir ao cinema. Eu acho que vou... Será?
Meu pai disse que eu tenho que me divertir um pouco. Desconfio que ele esteja saindo com alguém... Talvez a Célia, sua secretária e cão de guarda. Quem sabe eu o obedeça... Ou espere um pouco mais.
Não sei.
Também, não posso deixar minha avó sozinha, ela está tão velhinha... Doente.
...
...
Ainda mais agora que ela anda conversando sozinha. Agora que ela fica sem sono e caminha perdida pela casa...
Não posso deixá-la sozinha...
Ou posso?
Minha avó.
Ela continua sentada em sua cozinha, olhando pela janela, o mesmo puteal abandonado. Um daqueles no bosque... Tudo parece igual.
Igual...
A não ser pela vivacidade estranha que brotou em seu olhar.
A não ser por isso...
...
...
...
...
...
Inté?
...
...
ò.Ó
...
Abração =D

2 comentários:

Hugo Castro disse...

Muuutos parabéns!! Uma chave de ouro para um diário excelente!! Se eu pudesse, faria um produltor de Hollywood lê-lo e tenho certeza de que ele adoraria.

Só não gostei que pqa Amy e o Justin não namoraram... Masenquanto existir criatividade, há esperança.

E sobre minhas ideias, agora posso concredizá-las, jah que tenho todas as informações do Justin para "dar vida a ele" em novas histórias; só preciso conversar com você para combinar os detálies.

E eu quero ler mais do que você escreve, e quem sabe, mais sobre a Amy ^^

Ateh + miga!!

E parabéns de novo!!!!

Amy disse...

Valeu amigo, obrigado mesmo ^^
Precisamos conversar sobre essa nossa "parceria"... hehehehehe
bjaaoo